Playbook - Jogada #1

Estamos começando hoje a escrever uma série de posts aqui no site. Esta irá aprofundar um pouco mais nas jogadas que o Rockets utilizou nesta última temporada. Tentaremos não só olhar para onde o time foi eficiente, mas também detectar falhas, seja no ataque ou na defesa.

Nessa nossa primeira análise veremos uma chamada simples, porém de grande eficiência no ataque em meia quadra da equipe: uma espécie de pick and roll, onde o ball handler começa a jogada sem a bola nas mãos. Vou usar algumas imagens para explicar melhor:
1.1
A posse de bola começa com Jeremy Lin deixando a bola com Chandler Parsons. Tanto eles dois quanto Marcus Morris ficam na ala esquerda, atrás da linha dos três, com o objetivo de espaçar a quadra para o two-man game de Omer Asik e James Harden.
1.2
É a vez então de Harden aproveitar um bloqueio sem bola do pivô turco. Como Belinelli estava de costas para a jogada, ficou mais fácil para o camisa #3 encaixar o bloqueio, dando, assim, mais liberdade para James em sua rota.
1.3
Harden recebeu a bola e seu marcador demorou a se desvencilhar do bloqueio. Isso obrigou o Bulls a acionar a help defense para que o quinto maior cestinha da temporada não ficasse livre para um arremesso de dentro do garrafão. Como precisam respeitar os arremessadores do Rockets, Carlos Boozer foi quem acabou fazendo a cobertura. Assim, Asik ficou livre para receber a bola quando cortando em direção à cesta.
1.4
Só após Asik ter recebido a bola bem próximo do aro é que a defesa do Bulls abandona os arremessadores do Houston e tentam evitar a cesta fácil de Omer. Repare onde Marcus Morris se posicionou na jogada inteira, fazendo com que Joakim Noah, o melhor protetor de aro de Chicago, hesitasse em cobrir o pick and roll, pois se o fizesse, poderia acabar sendo punido com uma bola de três. É por essas e outras que o stretch four acaba por ser o x-factor do ataque do Rockets.
1.5
E esta é a última imagem da jogada, quando Asik enterra sem nenhum problema. No caso de Noah ter chegado em tempo de constestá-lo, ele poderia passar a bola para Morris, quem acabou ficando livre na zona morta esquerda para um chute de três.

Agora imaginem que Dwight Howard estivesse em quadra ali no lugar de Marcus Morris. Noah hesitaria na help defense como fez, temendo uma bola de três de D12? Certamente não. Na verdade, ele nem estaria posicionado ali e o espaçamento inicial da jogada seria pífio.

Por isso que o ataque do Rockets sofreu por não ter um stretch four após as negociações de Patrick Patterson e Marcus Morris, em Fevereiro. E é por isso que pode acabar sofrendo ainda mais numa formação com Asik e Howard compartilhando a quadra. Nenhum deles sabe ao menos chutar de média distância nesse momento!

Eu não estou dizendo que o time hoje é, de uma forma geral, pior do que aquele que humilhou o Bulls em rede nacional no natal de 2012. Não é mesmo! Mas McHale vai ter que se adaptar seu sistema ofensivo às peças que tem no elenco atualmente se quiser continuar a ter um ataque eficiente como o da temporada passada. Um time que abusa de pick and rolls necessita obrigatoriamente de espaçamento nos dias de hoje.
Enfim, essa jogada que vimos hoje é bem simples, mas o simples fato de o ball handler que vai comandar o pick and roll começar a posse sem a bola nas mãos, acaba sendo uma forma de confundir o adversário. No fim das contas, isso foi  a mesma coisa que um PnR convencional, porém a forma de execução dificulta um pouco para a defesa adversária fazer a leitura imediata da jogada. Mais um ponto para você, McHale!

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