Especial 20 anos: A montagem do time




20 anos. No dia 22 de junho faz 20 anos que o Houston Rockets conquistou o primeiro título da sua história. 20 anos que Hakeem Olajuwon finalmente conseguiu bater o seu arquirrival da época da faculdade, Patrick Ewing. 20 anos que a cidade do Texas virou The Clutch City.

Claro que o blog não poderia esquecer essa data e portanto reviverá cada momento dessa final relembrando os sete jogos finais a partir do próximo dia 08 trazendo um pós-jogo como se a partida tivesse acontecendo agora, com uma análise parcial e emotiva de quem era uma criança na época e pode rever os jogos hoje em dia. 

Há um ano eu fiz um pequeno resumo sobre a conquista e falei um pouco da temporada de 1994 além de falar quem era quem no elenco campeão. Dessa vez será uma abordagem diferente com foco nos sete jogos finais contra o New York Knicks que por alguns momentos foi ofuscada pelo caso OJ Simpson.

No primeiro episódio da série vamos contar como aquele time de 1994 foi construído. Como, pela primeira vez, um time foi formado por um grande pivô, mas sem nenhum jogador de perímetro que somasse pelo menos 20 pontos por jogo. 


Bill Russell teve Bob Cousy e John Havlicek; Wilt Chamberlain teve Hal Greer e Jerry West; Kareem Abdul-Jabbar teve Oscar Robertson e Magic Johnson. Depois dessa época, Shaquille O’Neal teve Kobe Bryant e Dwyane Wade e o próprio Olajuwon teve a companhia de Clyde Drexler em 1995.

Otis Thorpe chegou a Houston em 1988 em uma troca com o Sacramento Kings por Rodney McCray, aquele que o Rockets escolheu no lugar do Drexler em 1983, e Jim Peterson. Ele era um PF de 26 anos que tinha tido média de 20ppg e 10rpg e vinha suprir a vaga deixada por Ralph Sampson, que com problemas físicos foi mandado para Golden State seis meses antes.


Thorpe foi considerado um grande achado para o Rockets, apesar da equipe perder o poder defensivo que McCray dava a equipe, o novo ala-pivô era o parceiro ideal para Olajuwon no garrafão e fazia o “jogo sujo” para que o astro de Houston brilhasse ainda mais, o que não acontecia ao lado de Sampson.

Thorpe se tornou um jogador tão sólido em Houston que até foi chamado para o All-Star Game em 1992, feito que não conseguiu alcançar em nenhum outro momento de sua carreira de 17 temporadas na NBA. 


O segundo elemento foi Vernon Maxwell. No meio da temporada 1989/90, o Rockets comprou o ala-armador do San Antonio Spurs. Naquele momento, foi outra grande movimentação de Houston em busca da montagem de um time vencedor. 

Maxwell tinha 24 anos e vinha em sua segunda temporada na NBA tendo médias de cerca de 10 pontos por jogo. Em Houston, seus números cresceram ano após ano sendo um titular consolidado na liga e teve os seus melhores anos nas seis temporadas que disputou com o Rockets. 

O terceiro jovem jogador a aportar em Houston foi o Kenny Smith. Antes da temporada 90/91, o Atlanta Hawks recebeu John Lucas, Tim McCormick e uma escolha de primeira rodada para mandar o armador junto com Roy Marble para o Rockets.

Outro grande negócio por parte da equipe do Rockets já que McCormick só tinha vindo a Houston como um dos contrapesos na troca de Sampson e Lucas já era um veterano de 36 anos que nem chegou a jogar em Atlanta. Ah, o Marble também nem jogou no Texas.

“The Jet”, como Smith ficou conhecido, era uma peça vital para o Rockets com seu chute de três perigosíssimo e também era o responsável por organizar a movimentação do ataque.


No Draft de 1992, Houston fez uma aposta arriscada ao escolher Robert Horry na 11ª posição quando todo mundo esperava que a equipe escolhesse o problemático, mas talentoso Latrell Sprewell, companheiro do “Big Shot” em Alabama. Por sorte, o staff do Rockets não mudou de ideia.

Horry era o que o time de Houston precisava, um ala com grande poder defensivo que acrescentasse pelo menos 10 pontos e cinco rebotes, além de ser um risco para os adversários nas bolas de três. 

Uma das grandes características daquele time de Houston era encontrar as peças certas por um preço baixo. E Mario Elie foi mais um desses “achados”. Quando chegou ao Rockets, o ala-armador tinha 30 anos e não convenceu o Sixers, o Warriors e nem o Blazers que achou estar fazendo um grande negócio ao receber uma escolha de segunda rodada de Houston por ele.

A preço de bananas, o Rockets conseguia um reserva essencial com um chute de três mortal e bons momentos durante cinco temporada em Houston. Já valia a pena se ele não tivesse feito mais nada além DISSO.



Por último, o calouro. Sam Cassell foi sensacional nos playoffs mesmo tendo feito uma temporada regular apagada. Assim, o armador foi uma grande escolha na posição número 24 do Draft de 1993.
Resumindo, o Rockets montou um time baseado em dois homens grandes no começo dos anos 80 (Olajuwon e Sampson), chegou a uma final (1986) e depois viu o sistema falhar e aproveitou as peças que tinha para montar um time decente em trocas pequenas, escolhas baixas de Draft e assinatura de contratos com jogadores que poucos se interessariam.

Aproveitaram a grande estrela que possuíam e montaram um time com características ideais para utilizar o melhor de seu “craque” enquanto podiam. Jogadores inteligentes (pelo menos três deles viraram técnicos na NBA) e um sistema de jogo que maximizava seu talento, tudo isso orquestrado por um ídolo da cidade, Rudy Tomjanovich.

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