Rockets e Mavericks: um roteiro cheio de alternativas




Quando a temporada regular terminou e o Houston Rockets terminou com a 2ª campanha do Oeste foi como se um script de filme estivesse sendo escrito ao colocar o grande rival Dallas Mavericks no lado oposto da tabela na 7ª posição e como adversário na primeira rodada dos playoffs.

Independente do vencedor, a série já começa com um roteiro que tem potencial para se tornar épico contendo tudo que os torcedores gostam de ver: rivalidade à flor da pele, brigas e traições, confrontos de estilos antagônicos e personagens fortes.


Rivalidade

A disputa entre as duas equipes cresceu enormemente nos últimos anos principalmente com as declarações polêmicas do dono do Mavericks, Mark Cuban, e do General Manager do Rockets, Daryl Morey, sobre suas diferenças de filosofia.

A batalha começou a ser declarada após Houston assinar com o pivô Dwight Howard antes da temporada 2013/14 e com uma “ligação” de Morey para Cuban perguntando sobre uma possível troca envolvendo o alemão Dirk Nowitzki pelo turco Omer Asik. O dirigente de Dallas achou um insulto e levou para o lado pessoal.

No último verão as duas equipes disputaram, sem sucesso, as contratações de Carmelo Anthony e Chris Bosh, mas o comandante do Mavericks deu um golpe em seu adversário ao fazer uma proposta milionária para o ala Chandler Parsons e deixar Morey sem alternativa senão deixar o jovem jogador sair de Houston.

Além das ações dos dois dirigentes, Cuban constantemente tem atacado Morey e seu estilo de montar equipes baseado nas estatísticas avançadas e em uma nova forma de jogar basquete. 

Traição

Muitos dos torcedores de Houston consideraram a atitude do ala Chandler Parsons como uma traição e em tempos de Star Wars, comparam a sua mudança de lado mais ou menos como a que fez Anakin Skywalker no Episódio II. 

Todos acreditam que o jogador poderia ter esperado mais tempo para assinar a proposta de Cuban, já que Houston teria apenas três dias para igualar qualquer oferta e estava no meio de uma negociação complicada para tirar Bosh do Miami Heat.

Ao aparecer em uma casa noturna com o proprietário do Mavericks e assinar a oferta de contrato do maior rival, logo Parsons se tornou uma pessoa non-grata em Houston e foi recebido com vaias ao retornar ao Toyota Center o que deve se repetir nos playoffs.

Além disso, durante a temporada o ex-queridinho de Houston deu algumas declarações diminuindo tanto a cidade quanto a franquia entrando em definitivo na lista negra dos torcedores do Rockets. 

Mas apareceu um novo amor na vida do Rockets chamado Trevor Ariza. O ala chegou com desconfiança, mas acabou encaixando como uma luva no esquema de bolas de três pontos e bandejas de Houston e foi uma peça fundamental para conseguir acrescentar um elemento a equação: uma defesa agressiva. 

Estilos

O estilo de jogo do Rockets é bastante claro. As bolas de três pontos são a base do ataque bem como as infiltrações de James Harden buscando uma bandeja ou cavando falta. Além disso, o time do técnico Kevin McHale tem atuado com uma defesa agressiva que sempre busca o roubo de bola para um contra-ataque tranquilo.

As chegadas de Ariza bem como do principal trio vindo do banco formado por Corey Brewer, Pablo Prigioni e Josh Smith tem conseguido um grande número de roubos de bola e tornando o Rockets a terceira melhor equipe em forçar o erro do adversário.

No time titular, a velocidade dos jogadores de perímetro (quando Patrick Beverley estava saudável) e também a agilidade de Terrence Jones e mesmo de Smith faziam que o time pudesse arriscar partir pro roubo de bola e ter uma boa recuperação caso a tática não dê certo.

Dallas, por outro lado, possui um ataque muito bom. É o terceiro em mais pontos por jogo, e consegue distribuir seu estilo aproveitando a versatilidade de seus jogadores. Dirk Nowitzki ainda é um poderoso pontuador bem como o ala-armador Monta Ellis, que sempre dá trabalho para o Rockets. Rajon Rondo e Tyson Chandler oferecem uma defesa forte enquanto Chandler Parsons é o coringa da equipe. 

O duelo entre Rondo e Jason Terry será bastante interessante durante a série. O veterano não pode ser considerado nem próximo de ser um bom defensor, mas o armador de Dallas também não pode ser chamado de uma ameaça nos arremessos de fora (apesar de ser um grande infiltrador e um ótimo passador). 

Terry, inclusive, será um dos protagonistas de reencontros nessa série. O armador disputou oito temporadas em Dallas sendo campeão em 2011 juntamente com os adversários Tyson Chandler e Dirk Nowitzki. Assim como Corey Brewer que fazia parte do elenco do Mavericks no título.

Dwight Howard também é outra incógnita. O pivô perdeu boa parte da temporada, inclusive três dos quatro jogos diante do Mavericks na temporada regular e por conta disso, o time de Dallas (que não é apenas o 23º nos rebotes) levou a melhor nos rebotes contra o Houston em três dos quatro jogos. Tyson teve média de 12,5 rebotes por jogo nos quatro jogos.

Técnicos amigos

Apesar de utilizarem táticas e estilos diferentes os técnicos das duas equipes saíram da mesma fonte: o Boston Celtics dos anos 80.

Tanto Rick Carlisle (Dallas) quanto Kevin McHale (Houston) começaram suas carreiras profissionais no Boston Celtics e conquistaram um título juntos em 1986 justamente sobre o Rockets das Torres Gêmeas (Hakeem Olajuwon e Ralph Sampson).

Enquanto o técnico do Dallas não teve uma grande carreira como jogador, o do Houston é um Hall Of Fame com três títulos no currículo e sete All-Star Games. Por outro lado, como técnico é Carlisle que leva vantagem tendo um anel com seu nome em 2011 enquanto McHale ainda busca seu primeiro título na carreira.

Os números dos dois, porém, são parecidos. Em sete temporadas com o Mavericks, Rick possui 60,6% de aproveitamento enquanto Kevin teve o mesmo número em quatro temporadas com o Rockets. 

O duelo entre os dois vai ser interessante até porque muitos apontam McHale como o grande ponto fraco do Rockets enquanto Carlisle é visto como o responsável pelo sucesso recente de Dallas incluindo levar o Spurs a sete jogos na temporada passada.




Personagens 

O duelo pode facilmente contar com diversos personagens com um papel a desempenhar na trama. James Harden provavelmente será o protagonista, seja um herói ou anti-herói ele é o grande nome dessa primeira rodada. 

Um dos dois candidatos claros ao título de MVP da temporada, Harden é amado e odiado ao redor da liga. Muitos adoram seu estilo de dribles desconcertantes ou sua barba comprida outros criticam o grande número de lances-livres ou sua barba comprida. O fato é que todos os olhos vão para o camisa #13 de Houston durante essa série. 

Dwight Howard é um dos maiores personagens do lado vermelho do Texas. É facilmente o jogador mais odiado da NBA muito por causa de seu jogo considerado físico, mas soft. Seus sorrisos e por ter largado o todo poderoso Los Angeles Lakers na mão. O pivô tem muito a provar em Houston e a temporada marcada por lesões o têm deixado de lado. Ele precisa de uma volta por cima e uma boa série assim como foi contra o Portland Trail Blazers ano passado pode ser a resposta.

O terceiro é Josh Smith. Talvez um dos mais complexos talentos da NBA, o ex-jogador do Detroit Pistons foi o centro de uma dispensa polêmica pelo fator financeiro, mas encontrou abrigo em Houston e ao lado de seu amigo de infância (Howard) encontrou um nicho para jogar.

Sua inconstância pode ser um problema para o Rockets, mas seu talento pode ser um dos fatores que levariam o time a uma vitória nos playoffs. Tanto sua defesa como seu ataque são raros mesmo no todo poderoso Oeste. E no comando do banco de Houston ele encontrou sua zona de conforto.

Do lado azul do Texas o grande personagem é Dirk Nowitzki. A lenda alemã. Muitos GM’s perderam seu emprego e várias escolhas de Draft buscando um jogador como ele, mas só existe um. O ala-pivô é um dos principais jogadores da história e teve uma performance invejável em 2011, como poucos tiveram nos playoffs. Perto dos 37 anos, Dirk quer mostrar que ainda é um grande jogador e nada melhor que enfrentar seu maior rival.

Monta Ellis é um daqueles jogadores confusos. Sempre foi um grande pontuador, mas acabou desprezado pelo Golden State Warriors e depois de uma passagem ruim pelo Milwaukee Bucks encontrou seu melhor basquete em Dallas como uma grande válvula de escape para o ataque então estagnado da equipe. É um cara que sempre se dá bem contra o Rockets e é o favorito para repetir Damian Lillard.

Por último vem Rajon Rondo. Personalidade forte. Trocou farpas com o comandante, mas depois fez as pazes e melhorou seu rendimento. Quando chegou em Dallas a preço de banana, muitos davam como certo o título da equipe, mas seu encaixe no time não foi o ideal e a equipe caiu de terceiro para sétimo. 

Rondo ainda é um grande defensor e um dos armadores com melhor visão de jogo da NBA, além de ter grande experiência em playoffs. Mas precisa mostrar que é feito do mesmo material que o restante do Mavericks. 

Capítulos

O primeiro capítulo dessa série será no próximo sábado (18) às 22h30 em Houston e com transmissão da ESPN no Brasil. Na terça-feira (21), as duas equipes se encontram no Toyota Center novamente dessa vez às 22h30. 

Jogo 1 – 18/04 – Sábado – 22h30 - @ Houston
Jogo 2 – 21/04 – Terça – 22h30 - @ Houston
Jogo 3 – 24/04 – Sexta – 20h - @ Dallas
Jogo 4 – 26/04 – Domingo – 22h30 - @ Dallas
Jogo 5 – 28/04 – Terça - @ Houston
Jogo 6 – 30/04 – Quinta - @ Dallas
Jogo 7 – 02/05 – Sábado - @ Houston

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